Paradigma Anarquista
e a Educação Libertária
(...) O princípio da autoridade na educação das crianças
constitui o ponto de partida natural: ele é legítimo,necessário, quando é
aplicado às crianças na primeira infância, quandosua inteligência ainda não se
desenvolveu abertamente. Mas como o desenvolvimento de todas as coisas, e por
conseqüência da educação, implica a negação sucessiva do ponto de partida, este
princípio deve enfraquecer-se à medida que avançam a educação e a instrução,
para dar lugar à liberdade ascendente.
Bakunin, Mikhail Alexandrovich. Deus e o Estado. 1882
O Anarquismo tem como concepção política-filosófica a atitude
fundamental de negação a toda e qualquer autoridade e a afirmação da liberdade.
O
próprio ato de transformar essa atitude radical em um corpo doutrinário de
idéias abstratas que possam vir a ser utilizadas em todas
circunstâncias seria já uma negação da liberdade.
Dessa
forma o Anarquismo não deve ser considerado senão como um princípio
gerador que de acordo com as condições sócio-históricas encontradas assume
características particulares. O movimento de negação da autoridade e afirmação
da liberdade que sustenta o pensamento anarquista é formado por quatro
princípios básicos de teoria e de ação: autonomiaindividual, autogestão social, internacionalismo e ação
direta.
Autonomia individual: o indivíduo é a
célula fundamental de qualquer grupo ou associação e a sociedade só existe
enquanto agrupamento de indivíduos que a constroem sem que, no entanto percam
sua condição de indivíduos os quais não podem ser
preteridos em nome do grupo. A ação anarquista é essencialmente social, mas
baseada em cada um dos indivíduos que compõem a sociedade, e voltada para cada
um deles.
Autogestão social: decorre do
principio anterior que a liberdade individual é contrária ao Poder instituído.
Contra quaisquer autoridades hierárquicas e associações assim constituídas. A
gestão da sociedade deve ser direta, fruto dela própria. O anarquista é
contrário à democracia representativa, onde determinado número de
representantes é eleito para agir em nome da população.
Internacionalismo: os Estados
constituem-se como empreendimento políticos ligado à ascensão e
consolidação do Capital, sendo, portanto, expressão de um processo de dominação
e espoliação; o anarquista, ao lutar pela emancipação dos trabalhadores e pela
construção de uma sociedade libertária não pode se limitar a uma ou a algumas
dessas unidades geopolíticas (Estado-país). Daí a defesa de uminternacionalismo globalizado.
Ação direta: as massas devem
construir a revolução gerindo o processo como obra delas próprias. A ação
direta se traduz principalmente nas atividades de propaganda: jornais,
revistas, literatura e teatro. Tem o intuito despertar a consciência
das contradições sociais a que estão submetidas, fazendo com que o desejo e a
consciência da necessidade da revolução surja em cada um dos indivíduos. Outro
viés importante é o da educação, formal ou informal.
Sustentado
por esses quatro princípios fundamentais o Anarquismo, enquanto princípio
gerador, pode-se afirmar: é um paradigma de análise político-social, uma
vez que existe apenas um único Anarquismo que assume diferentes formas de
interpretação da realidade e de ação de acordo com o momento
e condições históricas em que é aplicado.
Assim,
qual é o paradigma anarquista em educação?
A
educação tanto formal quanto informal sempre teve grande valor no pensamento
anarquista para a transformação da sociedade.
Começando
como uma critica a educação burguesa tradicional, tanto a oferecida pelo seu
aparelho estatal quanto a educação mantida por instituições religiosas. A
principal acusação sobre o sistema vigente é a de que a escola – com a sua
propalada neutralidade – é na realidade arbitrariamente ideológica. O atual
sistema simplesmente se dedica a reproduzir as estruturas cruéis de dominação e
exploração, doutrinando os alunos a ocuparem seus lugares já predeterminados.
Assim a educação tem um caráter ideológico que é mascarado pela sua aparente
"neutralidade".
Em
vista disso a Pedagogia Libertária assume tal caráter, no entanto
coloca-o não a serviço da manutenção dessa sociedade, mas sim de sua
transformação, despertando nos indivíduos a consciência da necessidade de uma
revolução social.
A
suposta liberdade individual como meio (característica das perspectivas
liberais) redundará em um modelo de escola
cuja característica principal é perpetuar teorias burocráticas que
impedem as manifestações das singularidades instruindo apenas para classificar,
portanto, excluir.
A
corrente de pensamento Bakuniana tem a liberdade como fim. A liberdade é
conquistada e construída socialmente, a educação não pode partir dela, mas
pode, deve, chegar a ela. Uma vez que odesenvolvimento de todas as
coisas, e por conseqüência da educação, implica a negação sucessiva do ponto de
partida, este princípio deve enfraquecer-se à medida que avançam a educação e a
instrução, para dar lugar à liberdade ascendente.
Toda
educação racional nada mais é, no fundo, do que a imolação progressiva da
autoridade em proveito da liberdade, onde esta educação tem como
objetivo final formar homens livres, cheios de respeito e de amor pela
liberdade alheia. Assim, o primeiro dia da vida escolar, se a escola aceita as
crianças na primeira infância, quando elas mal começam a balbuciar algumas
palavras, deve ser o de maior autoridade e de uma ausência quase completa de
liberdade; mas seu último dia deve ser o de maior liberdade e de abolição
absoluta de qualquer vestígio do principio animal ou divino da autoridade.
A
educação não pode ser um espaço de liberdade em meio à coerção social; pois
constituir-se-ia em uma ação inócua e os efeitos da relação do indivíduo com as
demais instâncias sociais seria muito mais forte. A educação anarquista
partindo do princípio de autoridade insere-se na sociedade e coerente com seu
objetivo de crítica e transformação social não faz senão ultrapassar aquela
autoridade superando-a.
A
construção coletiva da liberdade é um processo no qual ocorre paulatinamente
a des-construção, por assim dizer, da autoridade. Esse processo, a
Pedagogia Libertária o assume como sendo uma atividade ideológica. Como não há
educação neutra, pois toda educação é fundamentada numa concepção de homem e de
sociedade, é necessário, pois definir de qual homem e de qual sociedade estamos
a falar. A Educação Libertária conduz o homem a comprometer-se não com a
manutenção da sociedade de exploração, mas sim engajado na luta e na construção
de uma nova sociedade. Portanto pode-se afirmar que o individuo assim criado
seria um desajustado, por assim dizer, para os padrões sociais da educação
contemporânea. A Educação Libertária constitui-se, assim, numa
educação contra o Estado, alheia, portanto, aos sistemas públicos de ensino.
Um texto falando sobre "A PROPOSTA SOCIOPOLÍTICA DA PEDAGOGIA LIBERTÁRIA"
link do arquivo em PDF - DOWNLOAD AQUI
Abaixo alguns vídeos (em espanhol) que relatam experiências da Educação Libertária / Anarquista
Ⓐ Educación libertaria. Ni exámenes, ni premios, ni castigos Ⓐ
Ⓐ Educación, Escuela Libre
(educación antiautoritaria) Pedagogía Libertaria Ⓐ
control c control v parabens
ResponderExcluiras fontes estao todas ali anonimo, obrigado por acompanhar =*
ResponderExcluirvespa
Obrigado ANÔNIMO por seu comentário.
ResponderExcluirEspero que esteja lendo e acompanhando nossas postagens.
Então em sua homenagem vai ter uma publicação sobre COPYLEFT , já que você demonstra não conhecer.
por enquanto, se quiser da uma lida por cima do que seria copyletf
indico um site muito interessante
wikipédia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Copyleft
ai você vai ter a explicação do termo COPYLEFT.
agradeço desde já o seu acompanhamento ao nosso blog.
Ass: Luan